sábado, 25 de junho de 2011

Nuno Crato

Estamos muito satisfeitos com a nomeação de Nuno Crato para Ministro da Educação e Ciência. Há esperança, e essa é a última a morrer. Entre os professores, nota-se alívio pelo fim de uma época de má memória.
Vamos socorrer-nos das respostas de Nuno Crato às perguntas que lhe forma feitas pela revista Eclesia para justificar a nossa satisfação.
 
"Eu acho espantoso que esteja regulamentado por Decreto-lei qual é a duração das aulas. Deveria estar regulamentada qualquer uma mais geral, no sentido que as crianças deveriam ter um tanto número de horas de matemática mínimo por semana, um tanto número de horas mínimo de português, esse tipo de coisas regulamentadas, e isso não está regulamentado, essas coisas desse ponto de vista estão regulamentadas no pormenor."
Tão óbvio que é de estranhar que tenha de ser dito. A tentação controladora, em nome de um pretenso iluminismo progressista, uniformador e igualitário, foi reforçando cada vez mais a interferência dos burocratas do ME na vida das escolas. Em claro prejuízo destas.
"Criou-se em Portugal um corpo de educadores, uma simbiose entre o Ministério da Educação, os departamentos de Educação, algumas escolas superiores de Educação e departamentos de Educação universitários consultores, criou-se aqui uma simbiose de um corpo de pessoas que vivem controlando a Educação e dando opiniões. Se reparar, no Ministério da Educação, são sempre as mesmas pessoas, que fazem os mesmos programas, que avaliam os programas, que avaliam os resultados, sempre as mesmas pessoas. E isso traduz-se numa vontade de regular, até ao mais ínfimo pormenor, aquilo que se passa nas escolas, e acho que isso é péssimo."

A primeira impressão que eu tive da tomada de posse do novo Governo foi: finalmente caras novas, ministros de uma nova geração, gente que não controla os media mas que tem uma vida bem sucedida fora dos partidos. Com o ME é preciso que isso também se verifique. Os mesmos de sempre, que estão em todas as comissões, grupos de trabalho, conselhos e observatórios devem voltar aos departamentos de educação das universidades e politécnicos. São necessárias caras novas mas sobretudo menos caras. E menos organismos de direção e controlo.
"Nós não podemos ficar contentes por estarmos iguais ou parecidos com a Espanha, a Itália ou os Estados Unidos, que têm mais resultados. E o caso de Espanha ou de Itália, são casos de países muito semelhantes a nós, neste controlo central de Educação e nesta série de ideias absurdas que começaram a ser difundidas sobre Educação."
Foi patético ver o anterior primeiro ministro exultar com uma ligeira melhoria dos resultados do PISA em 2009. Continuámos abaixo da média da OCDE mas o ex-primeiro ministro fez disso uma motivo de orgulho nacional.
"A nossa escola deveria assegurar a transmissão de conhecimentos e, às vezes, o que se passa é que, com pretextos muito grandiosos, de criar cidadãos críticos, jovens cientistas, escritores activos, eleitores activos, com esses slogans grandiosos, esquece-se aquilo que é fundamental na escola, que é transmitir conhecimentos básicos. Como é que se pode criar um cidadão crítico se o cidadão tem dificuldade em ler o jornal, como se passa com muitos jovens ao saírem do ensino obrigatório? Como é que se pode criar um cidadão activo se ele tem dificuldade em fazer coisas simples? Como é que se pode criar um cidadão consciente, se esse cidadão não sabe nada de História de Portugal? Ou da História do Mundo? Nós deveríamos preocupar-nos que a Escola tivesse mais exigência, transmitisse os conteúdos fundamentais aos jovens."


Há quanto anos não se ouvia um ministro da educação dizer coisas tão óbvias e necessárias? O discurso do novo ministro da educação representa uma mudança de paradigma. Vamos ver se os atos correspondem ao discurso. Nuno Crato é determinado, firme, tem ideias claras, é tolerante e dialogante. Há esperança.

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